Odebrecht: uma das maiores máquinas de suborno da história, segundo o Financial Times

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SÃO PAULO – Não é de hoje que os esquemas de corrupção da Odebrecht estão no noticiário brasileiro, mas conforme as informações vão sendo divulgadas, a empreiteira começa a ser destaque também no exterior. Nesta quarta-feira (28), o jornal Financial Times disse que a companhia, maior grupo de construção da América Latina, corre o risco de ser mais conhecida por “criar uma das maiores máquinas de suborno da história corporativa”.

O texto destaca os eventos da semana passada, quando o Departamento de Justiça dos EUA divulgou um relatório com sua investigação sobre a empresa e afirmou que ela realizou operações ilegais envolvendo diversos políticos e executivos de uma dúzia de países, em um valor total que chega a US$ 788 milhões. As multas chegam à cifra recorde de US$ 3,5 bilhões para a Odebrecht.

A publicação também ressalta os efeitos que este caso pode ter após um início silencioso dentro da companhia. “O escândalo que destruiu a Odebrecht e ameaça derrubar grande políticos no Brasil e em toda a região teve um discreto início na divisão de operações estruturadas da empresa”, diz o FT.

“Foi lá que Maria Tavares, uma secretária da empresa, começou seu dia de trabalho, disse ela aos promotores, ‘baixando uma planilha que continha os pagamentos [de suborno] a serem feitos por essa semana’ – principalmente uma folha de pagamento para políticos e funcionários públicos que se estende de Brasília a Maputo em Moçambique”, continua o texto.

Além de explicar o caso, o jornal destaca os motivos para que estes casos de corrupção continuarem acontecendo. “Com muitos dos pagamentos feitos através de sistemas bancários legítimos, o escândalo também está levantando questões sobre os requisitos globais de conformidade, particularmente nos países em desenvolvimento, onde a Odebrecht pagou dezenas de altos funcionários públicos”, diz a publicação.

O jornal conclui destacando que muitos analistas argumentam que a corrupção não será eliminada até que haja uma reforma radical para reduzir o custo das campanhas políticas e reduzir os incentivos. “O sistema brasileiro permite que um número extremo de partidos – atualmente 35 no total -, sendo que a maioria existe apenas para extrair renda do sistema”, diz o texto citando analistas. “Mas o escândalo da Odebrecht e a Operação Lava Jato têm, pelo menos, colocado finalmente a necessidade dessas reformas no topo da agenda política”, conclui.

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