“Talvez o senhor esteja um pouco rancoroso”, diz Moro a Lula

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Juiz e ex-presidente voltaram a trocar farpas em audiência nesta quarta

O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocaram várias farpas durante a interrogatório desta quarta-feira (13), em Curitiba (PR).

O petista foi ouvido em um caso que apura a compra do apartamento vizinho ao dele, em São Bernardo do Campo (SP), e de um terreno que sediaria o Instituto Lula, como propina.

Enquanto era questionado pelo Ministério Público Federal, Lula disse que “o que menos preocupa vocês agora é prova”.

Moro interveio.

— Talvez o senhor esteja um pouco rancoroso”, mas é a oportunidade que o senhor tem de responder às questões.

Lula manteve o tom agressivo em relação à atuação do MPF.

— Eu não estou rancoroso. Eu fico preocupado, doutor Moro, quando as pessoas inventaram uma história e tentam a cada momento transformar aquela inverdade em verdade. […] No caso do Ministério Público, eles contaram uma grande mentira. Eu quero ver como eles vão sair dessa.

A acusação sustenta que o engenheiro Glaucos da Costamarques, primo distante do pecuarista José Carlos Bumlai, seria testa de ferro de Lula na compra do apartamento ao lado do dele. Na apuração do MPF, o imóvel foi, de fato, comprado pela Odebrecht.

Lula disse hoje pagar “R$ 4 mil e pouco” de aluguel, despesa que assumiu após a morte de Marisa Letícia.

— Tem uma carta que ele [Glauco] mandou, eu acho que em fevereiro, pedindo para que fosse depositado o valor no Banco do Brasil.

Outro nome que surge nesse caso é do advogado de Lula, Roberto Teixeira, com quem Costamarques tinha negócios. Segundo o engenheiro, os valores dos alugueis eram pagos pelo ex-presidente ao advogado e ficavam com ele, para quitar serviços prestados.

“Palocci inventou história”

O MPF questionou Lula sobre uma reunião com Emílio Odebrecht, em dezembro de 2010. Segundo os procuradores, “Emílio apresentou um documento que era uma pauta de uma reunião com Lula em que constavam entre os assuntos reforma do sítio e a criação Instituto Lula”.

Lula desmentiu o encontrou: “Essa agenda é mentirosa, ela não existiu. Se alguém escreveu isso, esqueceu de colocar um pingo de verdade aí”.

— Eu conversei com Emílio Odebrecht, era o penúltimo dia [de mandato]. Eu acho que não durou 10 minutos essa conversa. Até porque a Dilma estava em fase de preparação de escolha de ministério, em função da tomada de posse, e, portanto, a Dilma não tinha mais agenda.

Lula disse que assistiu “atentamente” ao ex-ministro Antônio Palocci “contar essa história”. E, mais uma vez, atacou seus acusadores.

— Ele inventou uma história de que o Emílio foi lá, foi discutir um fundo que tinha sido criado e foi discutir a manutenção desse fundo, a manutenção da relação dele com a Dilma. […] Jamais o Emílio Odebrecht, que é um empresário que eu tenho um profundo respeito, tratou comigo de qualquer dinheiro para o PT. […] Eu nunca admiti nem ao Emílio, nem a nenhum empresário desse País, que discutisse comigo um centavo. Eu desafio vocês do Ministério Público a encontrar alguém que discutiu comigo um real.

 

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